quarta-feira, 4 de julho de 2012

ÁGUA VIRTUAL - Consumo de água na agroindústria pode ser avaliado através da água virtual

Aline Rodrigues – ACS Caern


O sertão do Rio Grande do Norte, que está sofrendo uma das piores secas já registradas, exporta água para lugares onde esta é abundante. O paradoxo se dá por meio da água virtual contida nas frutas, principal item das exportações do Estado.

O termo água virtual foi criado em 1993 pelo prof. J. Anthony Allan, do Kings College, de Londres. Trata-se da quantidade de água gasta para produzir um bem, produto ou serviço, estando embutida no produto, não apenas no sentido físico, mas também no sentido “virtual”.

Todos os bens de consumo produzidos pelo homem estão ligados à água. Ela está normalmente embutida no produto, graças aos recursos hídricos utilizados no processo de produção. O consumo de água virtual é muito maior do que o consumo direto, apesar de ser quase invisível, pois 70% da água no mundo está associada às atividades agroindustriais.

De acordo com o Engenheiro e Pesquisador da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) Marco Calazans, essa questão da água virtual tem duas vertentes, sendo a água que não se vê ao consumir, principalmente pelos produtos agropecuários. E também a água que é descartada em decorrência das atividades de produção. “Um litro de leite produz algumas toneladas de resíduos”, exemplifica.

Dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), indicam que são necessários 17.100 litros de água para a produção de um quilo de carne bovina e 3.700 litros para a carne de frango. A água utilizada para manter o gado e as aves até o abate, e para tratar os resíduos dos processos antes de colocá-los à disposição do meio ambiente adequadamente estão inclusos na medição.
                       
Gráfico do site Planeta Sustentável mostra consumo de Água Virtual



USO CONSCIENTE

Como toda a água do Planeta, a água virtual também deve ser poupada, ainda que seja difícil, por não ser um consumo visível. Para Calazans, a conscientização é o primeiro passo para o consumo moderado dos produtos. “É importante saber que tudo o que a gente consome está agregado à água, seja na produção ou no descarte”, afirma.

Pequenas mudanças nos hábitos diários podem contribuir para reduzir o desperdício. Como por exemplo, comprar produtos certificados, saber como são as normas ambientais seguidas pelas empresas e dar prioridade a produtos orgânicos, que precisam de menos água para a sua produção.

A água usada para preparar alimentos e sucos, além de outros usos domésticos, também está inserida no conceito de água virtual, e seu desperdício deve ser evitado. O reuso da água para a irrigação também é indicado para atender a demanda existente no Estado, diminuindo a utilização da água virtual nas atividades agrícolas. “É uma atividade que vai contra a utilização da água direto dos mananciais para fins que não sejam necessários uma água daquela qualidade”, explica o pesquisador.

O uso consciente da água, seja ela virtual ou não, é importante para garantir que esta chegue da melhor maneira possível, ao máximo de pessoas. “A quantidade de água no mundo não vai mudar, o que muda é a qualidade, e a distribuição espacial”, finaliza Calazans.


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